Juliana de Lemos

Olá! Seja bem-vindo a minha página! Aqui você encontrará ensaios feitos semanalmente na disciplina de "Principais Tendências Evolutivas dos Eucariontes".

Ensaio 01 [19/02]

O sistema de cinco reinos proposto por Whittaker reflete uma visão na qual grupos de organismos são mais evoluídos do que outros. A proposta coloca reinos com base em níveis de organização (procariotos, eucariotos unicelulares e eucariotos multicelulares ou multinucleares) e os delimita em grupos que unem linhagens distintas, nem sempre respeitando o monofiletismo das mesmas. Em cada uma destas separações, a árvore também é organizada a partir de modos de nutrição (fotossíntese, absorção e ingestão). Observa-se a presença de setas para representar linhagens, assim como que os grandes grupos as unindo são colocados num posicionamento de superioridade em relação aos outros. É fácil observar, assim, que há um escalonamento dos organismos com relação à complexidade dos mesmos e isso se reflete nas relações de todos eles, colocando que alguns sejam mais evoluídos e diversos do que outros. Por exemplo, nesta representação os animais são colocados como mais evoluídos do que as bactérias. Tal classificação reflete uma visão do grupo ao qual pertencemos como melhor do que outros e uma constatação distorcida de como a evolução ocorre. Apesar de publicado há certo tempo e de haverem outras propostas que não colocam os organismos como melhores ou piores, não é difícil perceber como a visão de Whittaker ainda é repetida comumente na atualidade. Isso mostra a importância de trazer à tona discussões sobre a visão que temos de nós mesmos e como nos relacionamos com os outros organismos.

Modificado por Mila Pamplona

O sistema de cinco reinos proposto por Whittaker reflete uma visão na qual grupos de organismos são mais evoluídos do que outros. A proposta coloca reinos com base em níveis de organização (procariotos, eucariotos unicelulares e eucariotos multicelulares ou multinucleares) e os delimita em grupos que unem linhagens distintas, nem sempre respeitando o monofiletismo das mesmas. Evitar os períodos longos, porque eles podem gerar confusão. Em cada uma destas separações, a árvore também é organizada a partir de modos de nutrição (fotossíntese, absorção e ingestão). Observa-se a presença de setas para representar linhagens, assim como que os grandes grupos as unindo são colocados num posicionamento de superioridade em relação aos outros. É fácil observar, assim, que há um escalonamento dos organismos com relação à complexidade dos mesmos e isso se reflete nas relações de todos eles, colocando que alguns sejam mais evoluídos e diversos do que outros. Tentar reduzir esse período. Por exemplo, nesta representação os animais são colocados como mais evoluídos do que as bactérias. Tal classificação reflete uma visão do grupo ao qual pertencemos como melhor do que outros e uma constatação distorcida de como a evolução ocorre. Gostei muito de você ter usado a palavra "melhor", porque ela é bem simples e acho que passa bem a ideia que você quis expressar. Apesar de publicado há certo tempo e de haverem outras propostas que não colocam os organismos como melhores ou piores, não é difícil perceber como a visão de Whittaker ainda é repetida comumente na atualidade. Isso mostra a importância de trazer à tona discussões sobre a visão que temos de nós mesmos e como nos relacionamos com os outros organismos.

> Comentários gerais por Mila: Boa frase título! Acho bom colocar a figura, já que você descreve ela em alguns pontos (não sei se era a intenção, mas durante a leitura eu procurei a imagem várias vezes). Diminuir os períodos longos, conforme a orientação do Tio Lahr. Tente lembrar da relação número de verbos e pontos finais. No seu texto eu senti um pouco forte da presença do "Ethos", que é um recurso retórico para expressar citações e argumentos de autoridade (senso comum pode entrar nisso). Senti isso principalmente na sua conclusão, porque você não cita exatamente porque isso é importante. É bom deixar porque é importante mais claro, já que o objetivo é convencer um leitor.

Ensaio 02 [04/03]

Não estava presente.

Ensaio 03 [11/03]

O conhecimento de convergências adaptativas é mais concentrado em poucas linhagens dos eucariontes. Ao longo da história da Ciência, há uma tendência de estudar organismos mais familiares ao cotidiano humano. Um reflexo simples dessa preferência é o conhecimento da diversidade de eucariontes não ser igualitário entre suas linhagens. Sabemos, por exemplo, de mais espécies das linhagens onde encontramos animais, plantas e fungos, do que onde há protozoários. Tal defasagem também é presente no conhecimento sobre convergências adaptativas. Um caso de convergência entre asas de animais é facilmente apontado, mas são pouco pesquisadas e divulgadas questões da mesma natureza focadas em grupos como os cromoalveolados ou amebas. Indo contrário a tal tendência, Brian Leander propôs uma convergência adaptativa entre as micotríquias de um platelminto e estruturas da membrana celular do dinoflagelado Haplozoon (LEANDER, 2008). Parasitas de regiões intestinais, o animal e o protozoário habitam ambientes semelhantes e, assim, sofrem pressões seletivas que também são parecidas. O pesquisador coloca que ambos os organismos, apesar de filogeneticamente distantes, desenvolveram estruturas semelhantes. É interessante notar que a pesquisa não só trata de um organismo unicelular pouco conhecido, como o compara com um animal. Descobertas assim evidenciam como podemos continuar cegos sobre a real diversidade de vida no planeta. Principalmente se sempre mantivermos a noção de que apenas o tido como familiar está relacionado conosco.

Modificado por Rodolfo Pereira Graciotti

O conhecimento de convergências adaptativas é mais concentrado em poucas linhagens dos eucariontes. Ao longo da história da Ciência, há uma tendência de estudar organismos mais familiares ao cotidiano humano. Um reflexo simples dessa preferência é o conhecimento da diversidade de eucariontes não ser igualitário entre suas linhagens. Sabemos, por exemplo, de mais espécies das linhagens onde encontramos animais, plantas e fungos, do que onde há protozoários. Tal defasagem também é presente no conhecimento sobre convergências adaptativas. Um caso de convergência entre asas de animais é facilmente apontado, mas são pouco pesquisadas e divulgadas questões da mesma natureza focadas em grupos como os cromoalveolados ou amebas. Indo contrário a tal tendência, Brian Leander propôs uma convergência adaptativa entre as micotríquias de um platelminto e estruturas da membrana celular do dinoflagelado Haplozoon (LEANDER, 2008) Falta link para a referência, o revisor precisa acessá-la. Parasitas de regiões intestinais, o animal e o protozoário habitam ambientes semelhantes e, assim, sofrem pressões seletivas que também são parecidas. Muitos verbos para um ponto final. O pesquisador coloca que ambos os organismos, apesar de filogeneticamente distantes, desenvolveram estruturas semelhantes. É interessante notar que a pesquisa não só trata de um organismo unicelular pouco conhecido, como o compara com um animal. Aqui, é igual ao exemplo do professor para o seminário: "a pesquisa bla bla bla", quando o mais interessante é descrever os seus resultados e ancorá-lo com a referência, não usar a pesquisa como seu argumento central Descobertas assim evidenciam como podemos continuar cegos sobre a real diversidade de vida no planeta. Frase de efeito! Principalmente se sempre mantivermos a noção de que apenas o tido como familiar está relacionado conosco.

> Comentários gerais por Rodolfo: No mais, o texto ficou um pouco longo, mas o argumento principal (a falta de conhecimento sobre grupos distantes do cotidiano humano) é bem explorado.

Ensaio 04 [18/03]

Este ensaio foi baseado nas ideias colocadas no artigo "Eukaryotic systematics: a user’s guide for cell biologists and parasitologists" (WALKER, 2011)

A hipótese Archezoa propõe uma ideia errada sobre os amitocondriados, protistas que não possuem mitocôndrias. De acordo com a hipótese, tais organismos são colocados na base das linhagens eucarióticas. Eles teriam divergido antes da aquisição da mitocôndria e de inovações características dos eucariontes, como íntrons e peroxissomos. A hipótese, então, coloca os amitocondriados como seres primitivos. Tal condição permitiria utilizá-los para estudar o desenvolvimento das características da célula eucariótica. No entanto, a hipótese vem sendo refutada ao longo do tempo. Hidrogenossomos e mitossomos são organelas encontradas na maioria dos amitocondriados. Sabe-se, através de análises moleculares, que tais estruturas celulares são derivadas de mitocôndrias. Além disso, o distanciamento entre os amitocondriados e os demais eucariontes, colocado pela hipótese Archezoa, pode ter se dado por long-branch attraction. A hipótese coloca os amitocondriados na base dos eucariontes ao entender os diferentes estados de caráter como uma evidência de distância filogenética extrema.

Ensaio 05 [08/04]

A proposta desde ensaio é criar um parágrafo acerca do tema sorteado para a Prova 1: Domínios, super-grupos e diversidade eucariótica: como divulgar o conhecimento gerado?. Como não estive presente na data e não realizei a avaliação da semana passada, o intuito hoje foi criar o primeiro parágrafo do ensaio pedido na prova.

Ao longo da história da humanidade, há uma tendência geral de classificação dos organismos vivos. Isso pode estar relacionado com uma necessidade de organização do conhecimento até então acumulado. Há registros de classificações dos seres vivos desde a antiguidade. No entanto, Aristóteles recebe um primeiro destaque nesta área da Ciência Ocidental colocando os seres vivos numa escala da natureza1. Desde então reconhecemos diferentes classificações dos organismos, tais como os sistemas de Dois Reinos (Animais e Plantas), Quatro Reinos (Monera, Protista, Embryophyta e Metazoa) e Cinco Reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia)2. Mudanças entre formas de classificação refletem novas informações sobre a evolução e os relacionamentos entre os organismos. Assim, reconhecer a história de classificação entre os seres vivos é importante para entender a diversidade do planeta. Da mesma maneira, isso se aplica na diversidade somente dos eucariontes. O conhecimento gerado sobre isto é vasto, mas pode ser acompanhado de diferentes estratégias para sua divulgação.

1Texto sobre taxonomia e classificação de organismos feito na Universidade de Connecticut http://web2.uconn.edu/cyberinfra/module4/Taxonomy.pdf

2Texto de divulgação científica com trechos traduzidos e adaptados por Maria Júlia E. Chelini e Profa. Dra. Sônia Lopes do artigo “New Concepts of Kingdoms of Organisms”, Science, vol. 163, janeiro de 1969, escrito por WHITTAKER, R. https://www.ufpe.br/gpa/images/documentos/SistematicaEvolucao/whittaker.pdf

A intenção, após este parágrafo inicial, é de discutir mais sobre estratégias de ensino e divulgação a respeito da diversidade dos eucariontes.

Modificado por Gabriel Freitas

Ao longo da história da humanidade, há uma tendência geral de classificação dos organismos vivos. Isso pode estar relacionado com uma necessidade de organização do conhecimento até então acumulado.(é só uma impressão menor, mas acho que essa frase não adiciona ao texto) Há registros de classificações dos seres vivos desde a antiguidade. No entanto,(não contradiz nenhuma afirmação anterior xD) Aristóteles recebe um primeiro destaque nesta área da Ciência Ocidental colocando os seres vivos numa escala da natureza1.(Pessoalmente achei de boas. Entretanto, foge das guidelines de construção de texto da matéria. De acordo com as guidelines, seria Aristoteles recebe destaque. Ele organizou a vida.)Desde então reconhecemos diferentes classificações dos organismos, tais como os sistemas de Dois Reinos (Animais e Plantas), Quatro Reinos (Monera, Protista, Embryophyta e Metazoa) e Cinco Reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia)2. Mudanças entre formas de classificação refletem novas informações sobre a evolução e os relacionamentos entre os organismos.(se essas classificações foi feita antes de Darwin e Wallace, logo, num paradigma tipológico/fixista/essencialista, então não refletia evolução :p) Assim, reconhecer a história de classificação entre os seres vivos é importante para entender a diversidade do planeta. Da mesma maneira, isso se aplica na diversidade somente dos eucariontes. O conhecimento gerado sobre isto é vasto, mas (a próxima afirmação não nega a anterior)pode ser acompanhado de diferentes estratégias para sua divulgação.(acho que falar de divulgação do conhecimento aqui fica meio descontextualizado. Talvez descrever mais a geração do conhecimento sobre classificação ou caracterizar o conhecimento (e.g. é vasto e pouco acessível) e no próximo paragrafo só falar de divulgação ficasse melhor)

> Comentários gerais por Gabriel: Tá bem bom! A maioria dos comentários na real são apenas nitpicking msm..

Ensaio 06 [15/04]

As ideias de endossimbiose de Lynn Margulis foram revolucionárias. No artigo “On The Origin of Mitosing Cells”1 de 1966, a bióloga argumenta sobre a origem das células eucarióticas. Sua hipótese coloca que as organelas eucarióticas mitocôndria, plastídios e flagelos foram originadas a partir de eventos de endossimbiose com células procarióticas. Num contexto ambiental anaeróbico, o desenvolvimento de uma estratégia fotossintética teria iniciado a transição para uma atmosfera oxidativa. Alguns procariontes passaram a apresentar mecanismos que utilizavam o oxigênio, como a respiração aeróbia. O evento de simbiose de procariotos aeróbios em células procarióticas anaeróbias marcou, ao longo da evolução, o surgimento das mitocôndrias. Após o estabelecimento desta organela, a assimilação de procariotos capazes de realizar fotossíntese aponta o desenvolvimento dos plastídios (como os cloroplastos). A proposta também apresenta a ideia de que os flagelos eucarióticos são originados da endossimbiose com as bactérias espiroquetas e que os eucariontes seriam capazes de realizar mitose. Desta forma, o ancestral comum dos eucariontes já possuiria mitocôndria, núcleo organizado e citoesqueleto. Apesar de receber muitas críticas após a publicação, é notável como Margulis apresentou à comunidade científica uma proposta inovadora na explicação sobre a origem dos eucariontes.

1“On The Origin of Mitosing Cells” - https://works.bepress.com/lynn_margulis/36/

Este ensaio foi baseado nas ideias colocadas por Lynn Margulis em seu artigo original e em um resumo das mesmas feito por um grupo de pessoas da Universidade de Michigan disponível em <https://msu.edu/course/lbs/145/luckie/margulis.html>.

Modificado por Mila Pamplona

> Comentários gerais por Mila: Gostei muito da sua frase título porque ao usar a palavra "revolucionária", você trouxe um quê de "pathos" interessante para o seu texto. Falo isso porque coisas revolucionárias são cativantes para muitas pessoas, então acabei ficando bem mais interessada no seu texto! Achei que você teve períodos de bom tamanho, com uma boa relação de verbos e pontos. Gostei muito da sua conclusão também, porque seu texto não enalteceu tanto a Lynn nem a sua pesquisa (você não entrou em detalhes biológicos que as pessoas poderiam não entender), você enalteceu a importância do seu trabalho. Acho isso importante quando se fala de divulgação científica: não é a informação em si, ou o produtor da informação que devem estar em destaque, mas o "porque aquilo é importante para a sociedade".

Ensaio 07 [29/04]

Não estava presente.

Ensaio 08 [06/05]

Conhecer a raiz dos eucariontes é importante para o entendimento dos eventos evolutivos que eles sofreram ao longo do tempo. O último ancestral comum dos eucariontes (LECA, do inglês "last eukaryotic common ancestor") representa o primeiro deste grupo que divergiu do táxon Archaea. Acredita-se que ele possua aproximadamente 2 bilhões de anos. A longa distância genética entre os dois grupos dificulta o entendimento e a proposição de ideias para o que ocorreu entre eles. Além disso, torna-se impreciso estabelecer qual foi a raiz dos eucariontes. Diversos estudos que compararam o conteúdo genético de eucariontes com as archaeas apontaram filogenias pouco conclusivas. Neste contexto, o uso de proteínas que marcam genes transferidos aos eucariontes por representantes de Archaea se mostra como uma inovação. Eventos de endossimbiose acompanhados por transferência de material genético estão sendo utilizados como bases filogenômicas para estudos da raiz dos Eukarya. Tal escolha, por exemplo, já apontou que o ancestral comum dos eucariontes era biflagelado (DERELLE et al., 2015)1. Explorar novas técnicas, portanto, aponta para um possibilidade de melhor entendimento da raiz dos eucariontes.

1DERELLE et al. Bacterial proteins pinpoint a single eukaryotic root. PNAS. Newcastle upon Tyne, United Kingdom. January 13, 2015. Disponível em <http://www.pnas.org/content/112/7/E693.abstract>.

Modificado por Ana Sophia

Conhecer a raiz dos eucariontes é importante para o entendimento dos eventos evolutivos que eles sofreram ao longo do tempo. O último ancestral comum dos eucariontes (LECA, do inglês "last eukaryotic common ancestor") representa o primeiro deste grupo que divergiu do táxon Archaea. Acredita-se que ele possua aproximadamente 2 bilhões de anos. A longa distância genética entre os dois grupos dificulta o entendimento e a proposição de ideias para o que ocorreu entre eles. Além disso, torna-se impreciso estabelecer qual foi a raiz dos eucariontes. Diversos estudos que compararam o conteúdo genético de eucariontes com as archaeas apontaram filogenias pouco conclusivas. Neste contexto, o uso de proteínas que marcam genes transferidos aos eucariontes por representantes de Archaea se mostra como uma inovação. Eventos de endossimbiose acompanhados por transferência de material genético estão sendo utilizados como bases filogenômicas para estudos da raiz dos Eukarya. Tal escolha, por exemplo, já apontou que o ancestral comum dos eucariontes era biflagelado (DERELLE et al., 2015)1. Explorar novas técnicas, portanto, aponta para um possibilidade de melhor entendimento da raiz dos eucariontes.

> Comentários gerais por Ana Sophia: Cuidado com a repetição do termo "eucariontes". Parágrafo conciso e claro. Sua ideia fica bem delimitada. Talvez fosse interessante explorar um pouco melhor as novas técnicas que poderiam melhorar o enraizamento do grupo, pois a conclusão fica um tanto apressada. De forma geral está bem construído e é uma boa forma de iniciar uma discussão mais aprofundada do assunto.

Ensaio 09 [13/05]

Proposta de ensaio final: qual é o seu tema e a motivação para escolher o mesmo?
Escolhi como tema do meu ensaio falar sobre os eventos de endossimbiose relacionados com o surgimento de cloroplastos, relacionando-os com casos de simbiose encontrados entre organismos fotossintéticos e animais atuais. Uma motivação para esta escolha é a existência de um molusco que rouba os plastídios das algas que se alimenta, utilizando-os como fonte de energia através da fotossíntese. Pessoalmente, me interesso muito pelos moluscos porque acredito que eles são um grupo de invertebrados extremamente variado em formas e estratégias de vida ao longo de toda a sua história evolutiva. Desde a primeira vez que ouvi sobre o caso da Elysia chlorotica, vejo ele como um exemplar extremamente interessante para discutir sobre o que é endossimbiose, como isso está relacionado com grandes eventos na história dos eucariontes e, quem sabe, se ele não pode indicar novos passos da mesma. Será que roubar os cloroplastos para si pode ser visto como um evento de simbiose? Alguns relatos apontam que estas lesmas-do-mar conseguem sobreviver por 1 ano somente com a energia capturada com os cloroplastos que elas roubaram. Será que isso pode acontecer com outros organismos?

> Comentários gerais por Rodolfo:
Achei a ideia muito interessante!
A "cleptoplastia" é algo bastante raro, mas não é exclusivo. Dinoflagelados, ciliados e foraminiferos também fazem.. Acho que seria legal apenas começar discutindo como ocorre em outros organismos. Porém, a Elysia provavelmente é mais bem estudada, e deve ter muito material sobre ela. Seria bom você focar nela em sua argumentação, também porque você pretende entender se essa cleptopastia pode ser "um novo passo de um evento de endossimbiose". Pelo que li, é discutido se a lesma realmente utiliza os plastídeos para realizar a fotossíntese ou se apenas se nutre de uma digestão prolongada deles. Seria legal trazer esse debate, porque acho que pode responder a sua pergunta.

Ensaio 10 [20/05]

Proposta de ensaio final: lista de pontos a serem tratados e pesquisa de dados
Pontos a se discutir:
- Simbiose
- Surgimento do cloroplasto por Lynn Margulis
- Nudibrânquios
- Caso de Elysia chlorotica
- Exemplos de outros organismos com associações com seres fotossintetizantes
- Apontar se esses exemplos e o próprio caso da da Elysia é uma tendência de relacionamento dos animais

Referências:
- BRUSCA, R. C. & BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
- BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; & HARPER, J. L. ECOLOGY: From Individuals to Ecosystems. 4th edition. Blackwell Publishing Ltd, 2006.
- Vídeo Shelf Life AMNH “Green Grow the Salamanders”: https://www.youtube.com/watch?v=uV9Z-pHr-nE&index=12&list=PLrfcruGtplwFmei0eozpPDufq_kEMqGTy
- “Green sea slugs aren´t solar powered after all” <https://www.sciencenews.org/blog/wild-things/green-sea-slugs-aren%E2%80%99t-solar-powered-after-all>
- “A Green Sea Slug Steals Power From Algae” < http://www.smithsonianmag.com/smart-news/green-sea-slug-steals-photosynthesizing-power-algae-it-eats-180954147/?no-ist>
- “Conheça o molusco que realiza fotossíntese” <http://climatologiageografica.com.br/conheca-o-molusco-que-realiza-fotossintese/>
- Horizontal gene transfer of the algal nuclear gene psbO to the photosynthetic sea slug Elysia chlorotica <http://www.pnas.org/content/105/46/17867.short>
- Chloroplast genes are expressed during intracellular symbiotic association of Vaucheria litorea plastids with the sea slug Elysia chlorotica <http://www.pnas.org/content/93/22/12333.short>
- Acquired Phototrophy through Retention of Functional Chloroplasts Increases Growth Efficiency of the Sea Slug Elysia viridis <http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0120874>
- Lipid Accumulation during the Establishment of Kleptoplasty in Elysia chlorotica <http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0097477>
- Genome analysis of Elysia chlorotica egg DNA provides no evidence for horizontal gene transfer into the germ line of this kleptoplastic mollusc <http://mbe.oxfordjournals.org/content/early/2013/05/02/molbev.mst084>
- “The Structure and Function of Plastids”, capítulo sobre cleptoplasia: <http://link.springer.com/chapter/10.1007%2F978-1-4020-4061-0_23#page-1>

Ensaio 11 [03/06]

Proposta de ensaio final: ordem em que os assuntos serão tratados (organização em parágrafos)
(1) Introdução: caso do nudibrânquio fotossintetizante. O que é cleptoplasia, onde há registros que ela já foi encontrada (foraminíferos, dinoflagelados, ciliados)
(2) O que são nudibranquios: definição geral para situar o leitor
(3) Eventos de endossimbiose para cloroplasto (Lynn): o que é um cloroplasto + como surgiu o cloroplasto + o que o cloroplasto permitiu obter
(4) O que é simbiose + evento de simbiose de fotossintetizantes com animais: ovos de girinos colonizados por algas (vídeo AMNH) e corais
(5) Caso da Elisia é um exemplo de tendência de simbiose? O nudibrânqio usa mesmo os plastídeos para fotossíntese ou apenas se nutre deles prolongadamente? Quais são as implicações em cada caso?
(6) Fica a dúvida se isso pode acontecer com outros organismos

Ensaios 12 e 13 [17/06]

Proposta de ensaio final: organização dos parágrafos em frases e primeira versão do ensaio final

A Elysia chlorotica é uma lesma marinha que se alimenta basicamente de algas. Esta característica em si não é nada inovadora, dado que muitos animais baseiam suas dietas em organismos fotossintetizantes. No entanto, ela apresenta um adcional: a colocaração verde vibrante se dá pelo armazenamento dos cloroplastos advindos de sua alimentação. Mais do que isso, já foi apontado que estes cloroplastos seriam utilizados pela lesma para produção de alimento. O fenômeno de sequestro de plastídeos é conhecido como cleptoplasia. Ele já foi, inclusive, descrito em mais de uma espécie de ciliados e de foraminíferos1. A repetição deste fenômeno em organismos diferentes coloca a possibilidade de haver outros seres vivos que também a realizam, apesar de ainda restarem dúvidas sobre como a cleptoplasia realmente acontece.

Os gastrópodes são um grupo de moluscos amplamente diversificado, que habitam ambientes marinhos, terrestres e dulcícolas. No primeiro caso, alguns deles são representantes da subclasse Opistobranchia e conhecidos como nudibrânquios, ou “lesmas marinhas”. Esses animais são reconhecidos pelas formas e colorações vibrantes. Sua alimentação é possibilitada por uma estrutura característica dos Mollusca: a rádula, composta por dentes quitinosos. Naqueles que se alimentam de algas, como a E. chlorotica, a rádula é modificada e apresenta uma fileira única de dentes em forma de lança 2. Com essa modificação, as lesmas são capazes de perfurar a parede celulósica das algas e sugar o seu conteúdo citoplasmático. Neste cenário, a E. chlorotica pode ser descrita essencialmente como um organismo heterotrófico, ou seja, que não é capaz de produzir substâncias orgânicas a partir de inorgânicas.

Por outro lado, organismos autotróficos são aqueles que apresentam mecanismos para produção de material orgânica a partir de compostos inorgânicos. Um exemplo de processo que realiza esse feito é a fotossíntese. Ela ocorre atualmente graças a existência dos cloroplastos, organelas membranosas que utilizam a energia solar para funcionar. As cianobactérias foram os primeiros organismos a desenvolverem a fotossíntese. Posteriormente, algumas delas foram engolfadas por uma célula eucariótica e deram origem aos plastídeos, como o cloroplasto3. Este evento permitiu transferência lateral de genes para a célula hospedeira eucarionte 4. O desevolvimento dos plastídeos conhecidos hoje se deu de forma complexa, em mais de um evento na linhagem dos Eukarya.

O surgimento dos cloroplastos, portanto, se deu a partir do estabelecimento de uma relação de simbiose. Esta pode ser definida como uma associação de proximidade física entre espécies. Nela, um “simbionte” é aquele que ocupa um habitat provido pelo “hospedeiro” 5. De forma geral, utiliza-se o termo “endossimbiose” para quando esta relação é estabelecida com o simbionte se instalando no interior do hospedeiro, como no caso do surgimento dos plastídeos. No entanto, eventos de endossimbiose não se restringem ao passado. Até a atualidade, algas são endossimbiontes conhecidos de outros organismos, como por exemplo o ciliado Mesodinium rubrum. Também há estabelecimento desta relação com alguns animais, a exemplo de cnidários como a Hydra viridis6 e outros corais. Outro caso, ainda foco de estudo, é o que algas verdes que colonizam ovos de salamamdras 7.

É interessante notar que a cleptoplasia é um fenômeno que vai além da simbiose. Ela está relacionada com a aquisição de uma organela específica de outro organismo. Os nudibrânquios são os únicos metazoários conhecidos na atualidade que realizam cleptoplasia. Pesquisas apontam que o estabelecimento desse processo e a oferta de compostos de carbono ou oxigenados para a lesma melhoram o seu fitness (aumento da sobrevivência ou crescimento corporal)8. No entanto, hoje sabemos que o funcionamento dos cloroplastos se dá somente pela transferência lateral de genes: informações no núcleo da célula hospedeira fotossintetizante regulam como plastídeos devem atuar 9. Neste sentido, dizer que E. chlorotica rouba os cloroplastos e os utiliza como se fossem dela, é assumir que deve haver algum tipo de transferência de genes sobre o funcionamento da organela para as células do animal.

1WISE, R. R. and HOOBER, J. K. The Structure and Function of Plastids. 2007.
2 BRUSCA, R. C. & BRUSCA, G. J. Invertebrados. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
3MARGULIS, L. On The Origin of Mitosing Cells. Journal of Theoretical Biology, 1967.
4 BELLORIN, A. M. and OLIVEIRA, M. C. Plastid origin: a driving force for the evolution of algae. 2006.
5 BEGON, M.; TOWNSEND, C. R.; & HARPER, J. L. ECOLOGY: From Individuals to Ecosystems. 4th edition. Blackwell Publishing Ltd, 2006.
6Rahat M. and Reich V. Algal endosymbiosis in brown hydra: host/symbiont specificity. J Cell Sci., 1986.
7 Vídeo Shelf Life AMNH, “Green Grow the Salamanders” <https://www.youtube.com/watch?v=uV9Z-pHr-nE&index=12&list=PLrfcruGtplwFmei0eozpPDufq_kEMqGTy>
8 FINN A. BAUMGARTNER, F. A., PAVIA, H. and TOTH, G. B. Acquired Phototrophy through Retention of Functional Chloroplasts Increases Growth Efficiency of the Sea Slug Elysia viridis. PLOS One, 2015.
9 “A Green Sea Slug Steals Power From Algae” < http://www.smithsonianmag.com/smart-news/green-sea-slug-steals-photosynthesizing-power-algae-it-eats-180954147/?no-ist>

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