Ensaio opcional 18/02/2020
A construção do conhecimento científico não é, de forma alguma, isenta de influências do contexto histórico e cultural no qual o cientista está inserido. Assim, a construção de filogenias, ou “árvores da vida”, ao longo do tempo, foi feita carregada de mensagens implícitas e com a utilização de dezenas de métodos e dados diferentes. A filogenia construída por Whittaker em 1969, por exemplo, é baseada na obtenção de carbono e apresenta o conceito dos “cinco reinos”. Essa árvore se encaixa na iconografia do cone (citada por Stephen Jay Gould, em Vida Maravilhosa): o reino Monera se encontra na base, mais estreita, implicando em um grupo mais primitivo e menos diverso. Quanto mais acima na árvore, mais diverso o grupo aparenta ser de acordo com a largura de seu ramo na árvore. Além disso, o reino Animalia, dentro do qual se encontra a espécie humana, se encontra na ponta direita, inserindo mais um elemento do contexto cultural dos criadores: a direção do “progresso”, baseado na ordem da escrita ocidental. Isto é, quanto mais acima e mais à direita, mais diversificado e “evoluído” seria o clado.
Ensaio 1 03/03/2020
A reconstrução de filogenias resgata a história da vida na Terra em diferentes escalas. Ou seja, os terminais contidos na árvore filogenética podem representar genes ou grupos englobando milhares de espécies. Apesar da diferença de escala, os terminais têm sempre uma característica em comum: eles são dados observados, fatos. No entanto, a reconstrução de filogenias é baseada também em um paradigma “imaginativo”. Os nós que juntam os terminais em grupos são ancestrais hipotéticos em comum. Hipotéticos porque não há dados para eles. Não são fatos. Mas podem tornar-se. Se porventura encontram-se fósseis, por exemplo, os nós tornam-se terminais. Assim, os nós das árvores filogenéticas são, por definição, hipóteses.
Comentário por Eduardo Rossener: texto muito bom e fechado. A penúltima frase, referente ao fóssil, é um pouco confusa, pois não explicita quem é o sujeito. A frase pode ser reescrita como "Se o ancestral hipotético é encontrado, o nó referente se torna um terminal". <3
Ensaio 2 10/03/2020
A diversidade da vida não pode ser amplamente contemplada à olho nu. Em geral, lembramos apenas de organismos macroscópicos quando pensamos na diversidade da vida. Este comportamento não é surpreendente. É com os organismos macroscópicos que interagimos conscientemente. No entanto, observar uma filogenia não enraizada da diversidade da vida pode assustar. Uma filogenia não enraizada atrapalha nosso olhar treinado para olhar os organismos do "topo". Assim, perdemos a noção de quem seria o mais “evoluído”. Dessa maneira, contemplamos uma imensa quantidade de grupos. Vários dos quais englobam seres vivos microscópicos. Que nunca sequer ouvimos falar. Esses grupos de seres microscópicos, inacreditavelmente diversos, compartilham o planeta e a história da vida conosco.
Ensaio 3 17/03/2020
Ao longo da história da biologia, classificações taxonômicas foram feitas e refeitas. Isso se deu com a utilização de vários métodos. Desde Whittaker até dias mais recentes, é possível notarmos diversas mudanças nos denominados "super grupos". No entanto, é claro que ainda não se pode dizer que tudo foi resolvido. Ainda há grupos com carência de suporte, nos quais pessoas trabalham testando o monofiletismo. E, para isso, se utilizando de diversos métodos. Assim, ao longo dos últimos cinquenta anos diversos seres vivos foram rearranjados na árvore da vida. Isto é, dada a busca por grupos monofiléticos. Assim, a utilização razoavelmente recente da biologia molecular têm modificado a construção de filogenias. Tanto evidenciando convergências anatômicas, quanto aumentando as possibilidades para testar o parentesco entre espécies e, assim, reconstruir a história da vida.
Ensaio 4 31/03/2020
Nossas células contém uma organela de origem externa: a mitocôndria. Essa é uma ideia desenvolvida pela teoria da endossimbiose. A mitocôndria é derivada de uma bactéria. Esse era um organismo aeróbico, que foi fagocitado por um outro organismo anaeróbico heterótrofo. Isso teria ocorrido há cerca de 2,5 bilhões de anos, quando os níveis de oxigênio aumentaram na atmosfera terrestre. Tal como as bactérias que originam as mitocôndrias, as cianobactérias foram também fagocitadas. E originaram, ao longo do tempo, os cloroplastos. Desse modo, certos organismos adquiriram a capacidade de usar uma rota metabólica aeróbica. Fazendo isso, eles foram capazes de aumentar sua produção de energia. E assim, foram essenciais para a história da vida como a conhecemos.
Comentário por Aline em 05/05 Olá. Eu entendi o conteúdo do parágrafo, mas senti falta de conexão entre as frases. Por exemplo:
"Essa é uma ideia desenvolvida pela teoria da endossimbiose. A mitocôndria é derivada de uma bactéria. Esse era um organismo aeróbico, que foi fagocitado por um outro organismo anaeróbico heterótrofo."
Eu entendo que você está explicando a teoria da endossimbiose, mas não há uma indicação explícita de que as frases seguintes se referem a ela. Acho que fica confuso para quem não conhece essa teoria. Outro ponto é que no mesmo parágrafo você fala sobre a origem do cloroplasto, acho que acaba trazendo mais um conceito grande enquanto o outro ainda não foi bem esclarecido.
Ensaio 5 14/04/2020
Existem algumas regras que guiam a escrita científica. Um texto científico precisa ser claro, objetivo e embasado. Precisa ser objetivo porque, nesse tipo de texto, é necessário que 100% da mensagem seja transmitida. Ou seja, um texto científico não pode ser ambíguo. Não pode, tampouco, deixar pontas soltas. Deve adotar uma escrita clara, sem fugir de seu público-alvo. Por exemplo, o autor de um texto científico deve tomar cuidado ao pressupor que o leitor tenha um conhecimento prévio específico. Dessa forma, é melhor que toda a mensagem que se deseja passar esteja contida no texto. A escrita científica deve também evitar ao máximo argumentos de autoridade. Assim, o autor precisa citar fontes confiáveis para embasar suas afirmações. De modo geral, um texto científico precisa seguir três regras. Primeiro, apresentar boas fontes. Segundo, ser redigido de maneira objetiva. E, por fim, seguir uma linha clara de raciocínio.
Comentário por Giovanni - Olá Gloria, tudo bem? As suas frases estão bem construídas e bem completas, mas em alguns pontos finais a pausa fica artificial, quebrando o ritmo do texto.
