Parágrafo Opcional 02.03.18
Seres humanos são classificadores por excelência. Análizar, comparar e sintetizar são atividades essenciais nas mais diversas empreitadas humanas, desde caçadores-coletores discernindo entre cogumelos venenosos e comestíveis, até cientistas modernos buscando compreender a estrutura do nosso universo. Mas uma estratégia de classificação por vezes diz mais sobre aquele que a cria do que sobre aquilo que descreve. ¶ O fato fundamental é que classificações são, por natureza, arbitrárias. A única forma de avalia-las é através da efetividade com a qual desempenham a sua função, que é, quase certamente, ser uma ferramenta no cumprimento de um objetivo, que, quase que por definição, reflete as motivações de seu detentor. Uma classificação, então, é uma lente que ajuda alguém a ver o mundo, de acordo com um propósito. É por isso, muitas vezes, que classificações são objetos de intensa discussão política: como vemos o mundo configura a nossa ação sobre ele. ¶ Esse fato se observa não só em uma única área do conhecimento. Na matemática, diferentes axiomatizações de uma mesma teoria muitas vezes levam a classes de teoremas radicalmente diferentes, em foco e interpretação dos conceitos matemáticos capturados por essa teoria(adicionar exemplos). Na biologia, por outro lado, as discussões que envolvem a taxonomia dos reinos capturam de forma precisamente os paradigmas que marcam o conflito e a época em que ocorrem(adicionar exemplo).
Comentário de Priscila. Achei boa a introdução e o exemplo que foi trazido do porquê classificar os seres vivos é importante para os humanos. Seria melhor juntar a ideia de que a classificação diz muito sobre quem a cria com o fato de que os critérios são arbitrários, para que não ficassem parecendo ideias soltas no ensaio. Faltou explicar melhor algumas afirmações, como por exemplo o porquê das classificações serem objeto de intensa discussão política. Por fim, achei muito legal trazer um exemplo da matemática, entretanto, acho que o exemplo trazido é muito complexo para o leitor compreende-lo sem uma explicação mais profunda sobre o tema.
Parágrafo 1 09.03.18
Há quem argumente que o Método da Parcimônia não é um modelo, mas sim a única visão possível de filogenia, enquanto outros rejeitam veementemente essa visão (Lahr, D. J. G., comunicação pessoal, 2018). Ao invés de mergulhar nas complexidades de uma discussão epistemológica, me restrinjo a pontuar: esse fato é apenas um exemplo das discordâncias que ocorrem na ciência. As discussões sobre a natureza do conhecimento permeiam os corredores das universidades, e preenchem os almoços entre colegas de departamento. Em que medida conflitos como esse alimentam a empreitada científica, e quanto prejudicam o desenvolvimento do conhecimento?
Comentário de Arthur Cavalcante. Gostei bastante da abordagem do ensaio, tratando das discussões entre os cientistas e quais suas implicações. Minha única sugestão é reformular alguns períodos para que fiquem mais objetivos.
Parágrafo 2 16.03.18
A natureza é muito menos dicotômica do que gostariamos. Por vezes sofremos em tentativas futeis de criar classificações arbitrárias, tentando encaixar o nosso ambiente em caixas que nós mesmos criamos. Isso não é somente uma questão acadêmica intelectualesca: as vezes temos de tomar decisões binárias, baseadas em realidades que estão longe de ser discretas. A partir de quanto tempo de gravidez um feto é uma pessoa, e não pode ser abortado? Outros animais tem consciência?: é correto nos alimentar deles? Qual a definição de pobreza? — quem merece auxílio de programas sociais? Nenhuma dessas perguntas tem uma resposta dicotômica: são todos gradientes; mas estamos presos a uma escolha simples: agir ou não agir?
Comentário de Donovan Humphrey Franco. Usou uma afirmação inicial, mas não defendeu com um argumento convincente (segundo quem? quem gostaria que a natureza fosse dicotômica?, está pressupondo que outras pessoas pensem assim sem um exemplo concreto). Exemplificar quais são essas "caixas" mencionadas e como não são discretas. Usou muita retórica no final e não respondeu a questão fundamental que não ficou clara. Levantou muitas questões válidas, portanto como sugestão é válido levantar uma questão e responde-la com um exemplo concreto e/ou um argumento de autoridade.
Parágrafo 3 23.03.18
O Problema das Espécies é uma questão que a muito persiste na biologia [O'Hara, 1993] — como definir o conceito de espécie? A primeira instancia, e de um ponto de vista lógico, problemas desse tipo parecem redundantes, ou até mal fundados. Afinal, definições são por natureza arbitrárias: uma definição circunscreve o objeto sobre que se podem fazer afirmações — verdadeiras ou falsas. Então uma definição não pode ter um valor de verdade, já que precede essa possibilidade. Então como pode ser debatida? Mas isso é apenas uma confusão linguística, que pode ser esclarecido ao reformular a pergunta: como capturar numa definição aquilo que já entendemos como espécie? É claro que, se já temos uma ideia formada sobre o que é uam espécie, de alguma forma ja temos uam definição. Mas o problema, agora, muda de forma: não é mais uma questão puramente de como definir, senão de como transformar uma definição extensional numa definição intensional?
O'Hara, Robert. (1993) Systematic generalization, historical fate, and the species problem.
Comentário de Donovan Humphrey Franco. Conseguiu apresentar logo no começo (em uma linha) a questão central a ser discutida com um argumento de autoridade (muito bem elaborada). Porém usa muito da retórica ao longo do parágrafo e não responde as questões levantadas mostrando o real propósito de traze-las a discussão.
Parágrafo 4 20.04.18
Citações são umas das principais ferramentas do acadêmico. Afinal, ciência é construída em cima de ciência, e no meio escrito a referência direta é a maneira como podemos usar resultados previamente estabelecidos nos nosso raciocínios novos. Mas com frequência uma citação parcial pode se tornar confusa. Por exemplo, se o texto original dizia
João foi ao parque. Ele gostava de ir ao parque.
Mas só se queira citar a segunta frase, surgiria uma confusão quanto a quem se refere “ele”. Nessas situações, o padrão é a utilização dos colchetes para indicar uma modificação do trecho. No exemplo anterior, seria
[João] gostava de ir ao parque.
Mas, se estamos sobre os ombros de gigantes, os gigantes estão sobre os ombros de titãs: aqueles que citamos também citaram a seus precursores. Nessa condição, é quase inevitável que, em algum momento, seja necessário citar uma citação. O problema é que, pelo que pude encontrar, não existe um jeito padronizado de adicionar texto a uma citação de diversos níveis. Por exemplo, se o texto original diz
Os autores indicaram que “[o tatu] tem quatro patas”.
Caso o trecho seja citado novamente, com uma nova modificação, não fica claro quem alterou o que.
Os autores indicaram que “[o tatu] tem quatro patas [na parte dorsal]”.
Comentário de Caio Rosa Os problemas relacionados às citações ficaram claros e foram bem colocados. A estratégia usada para destacar as diferenças entre cada tipo de citação são úteis para o entendimento do texto. Para melhorar o texto é necessário trabalhar com uma conclusão que ligue os problemas gerais de citações com os mesmos problemas no meio científico.
Parágrafo 5 27.04.18
Proposta: Gênero ensaístico / não-técnico
Algumas perguntas não fazem sentido.
Por exemplo, “porque o céu é vermelho?” não faz nenhum sentido. Sim, existem contextos onde a pergunta pode querer dizer algo — num fim de tarde, por exemplo —, mas, pedantismos a parte, a pergunta não faz sentido.
E não é que a pergunta simplesmente não tenha uma resposta. A pergunta não tem significado.
O que é o significado de uma pergunta? Na lógica, o valor de verdade de uma proposição pode ser estabelecido de varias maneiras. Mas de qualquer forma, de uma maneira intuitiva entendemos que uma sentença é verdadeira se afirma algo que se confirma no mundo real. Isso não se aplica a perguntas. Qual o significado de uma pergunta, então?
Talvez seja algo primitivo da nossa língua, um tipo de valor que não pode ser desconstruído em asserções. Uma pergunta pode ser simplesmente considerada uma requisição de alguma informações. No nosso exemplo, pede o motivo pelo qual o céu seria vermelho. Mas, para que algo tenha motivo, precisa ser verdadeiro. Daí surge a falta de sentido. A pergunta não tem resposta pois requer algo que não existe.
O ponto é que muitas vezes perguntas tem premissas. No caso do nosso exemplo, parte da premissa de que o céu é vermelho, o que convencionamos que não é verdade.
Comentário de Beatriz Achei que o assunto escolhido ficou um pouco confuso. O leitor fica com a sensação de que terá uma resposta para "O que é o significado de uma pergunta?", mas isso não ocorre. E o parágrafo que é iniciado pela pergunta citada termina também com um questionamento, deixando uma confusão na mente do leitor. Talvez se o questionamento não fosse qual é o significado de uma pergunta, mas sim qual é o significado de umas pergunta que não tem resposta. Acho que o objetivo do texto deveria estar melhor definido para evitar que o leitor fique perdido durante a argumentação.
Parágrafo 6 11.05.18
Proposta: Gênero ensaístico / não-técnico
Em certos foruns de programação, é comum acompanhar uma pergunta com um exemplo funcional mínimo; um pedaço de código que exemplifica alguma funcionalidade, e contém apenas o suficiente para poder ser compilado. Tendo contato com esse conceito a muito tempo, e vindo a conhecer a ideia de que a mitose é controlada por apenas <inserir número> genes <inserir referência> (a precisão desse número é o que me surpreendeu), me perguntei: seria possível criar um exemplo funcional mínimo de célula?
É claro que a resposta é sim, alguém já fez isso.
O próximo passo lógico foi claro: será possível que no futuro sejamos capazes de programar genomas? Algumas exeperiências do tipo existem, mas minha mente foi mais além: poderiamos chegar ao ponto em que algum tipo de máquina seria capaz de receber a sequencia de pares de base que queremos formar, e através da manipulação da concentração de certas enzimas produzir essa sequencia. Em cima desse “linguagem de máquina” de sequencias, abstrações seriam construídas, com elementos sintáticos que correspondem a funções de cada vez mais alto nível no metabolismo dos organismos que estamos construíndo.
Num futuro talvez não muito distante, poderiamos estar programando a cura para doenças. Criariamos bacterias e virus capazes de identificar e atacar apenas as células com marcadores específicos.
Isso também abriria caminho pra novos e perigosos tipos de armas, em que nossos programas são de tamanha complexidade que conseguimos atacar apenas pessoas com marcadores genéticos específicos.
Mas tudo isso provavelmente é apenas um delírio.
Ensaio do Grupo composto por Donovan, Isabella e Juan:
A principio, concordamos que uma definição bem formalizada é importante para uma discussão frutífera. Para esses fins, definimos:
Fontossíntese é qualquer processo pelo qual energia luminosa é transformada em energia química.
Note que pouco importa que processos não biótipos entrem na definição: as perguntas seguinte restringem nosso universo de discurso aos organismos.
A próxima pergunta seria “que organismos fazem fotossíntese?”, ou, equivalentemente, “quais as condições necessárias e suficientes para a fotossíntese?” A resposta se resume a organismos que contam com pigmentos fotossensíveis que, na interação com fotons, libera elétrons […]”
A seguir, chegamos à discussão principal: “há vantagem evolutiva para fotossíntese?”, “quais as pressões evolutivas que levaram ao surgimento da fotossíntese, se existem?” e “como historicamente surgiu a fotossíntese?”
Parágrafo 7 25.05.18
Proposta: Gênero ensaístico / não-técnico
Há essas expressões que usamos sem sequer pensar no seu significado. Uma dessas é “reprodução sexuada”. De fato, hoje já se argumenta que o sexo é um processo distinto daquele da reprodução. Reprodução significa cópia; duplicação de genoma. Sexo, por outro lado, é um processo pelo qual genomas são recombinados. Acontece que, em seres humanos, e, em geral, em animais, os dois processos são geralmente vinculados. Mas há seres vivos que podem de forma independente se reproduzir ou recombinar. Isso nos leva a uma noção dual de sexo e reprodução:
<Imagem do artigo do Lahr>
A duplicação ocorre nas fazes haploide e diploide — nas flechas. O sexo, por outro lado, é definido como a presença da meiose e recombinação — as pontas.
Autoavaliação 08.06.18
Minha auto-avaliação é de 0.8 pontos. Me tirei 0.1 pela indisposição com a qual fiz alguns ensaios, e 0.1 por potencialmente ter sido chato nas discussões em sala.
Tudo mais que tivesse a dizer sobre a disciplina disse em aula.