Ensaio opcional
Data: 02/03/18
Classificar é uma atividade recorrente na história humana. Diferentes culturas ao longo do tempo tem construído classificações; ora de acordo com juízos de valor, ora de acordo com critérios lógicos. As ciências não são, nem de longe, imunes à aparente necessidade de separar seus objetos de estudo em pequenas caixas, supostamente organizadas. Elas existem em áreas como a Física, Química, Linguística, entre outras. Na Biologia, uma das formas de classificação existentes é a dos seres vivos. Diferentes critérios já foram usados para separar as formas de vida. Um sistema muito difundido é a Classificação de Whittaker, realizada com base em três critérios: a organização celular, o modo de nutrição e as interações ecológicas. Atualmente, a classificação mais aceita tem como critério de construção as relações evolutivas entre os seres vivos. Isso não torna a classificação de Whittaker errada. Como sistemas independentes, classificações são corretas dentro de si mesmas. Quando comparadas umas as outras, não existem classificações corretas ou incorretas, mas classificações relevantes ou não para um determinado fim. Ou seja: a escolha de uma ou outra classificação é subjetiva.
Comentário de Donovan Humphrey Franco:
Citar exemplos de classificação da citada "história humana". Exemplificar a "cultura" e a "classificação". "Supostamente organizadas" é uma crítica que deve ser defendida com um argumento de autoridade ou com argumentos de convencimento.
"Classificações são corretas dentro de si mesmas" foi um termo vago mesmo que destrinchado melhor depois.
A oração título foi clara, e realmente passa a ideia de classificação que será discutido no parágrafo.
As sentenças são curtas e objetivas (portanto muito adequadas para o modelo que estamos exercitando).
Ensaio 01
Data: 09/03/2018
COMENTARIO DAN: Bacana, os blocos estão aí! Vamos tentar juntá-los?
A diferença nos níveis de polimorfismos em espécies distintas ainda não é totalmente esclarecida. Recentemente, Romiguier e colaboradores (referência) publicaram um estudo que apresenta uma explicação para essa questão. Tradicionalmente, acreditava-se fatores de contingência histórica teriam a maior influência na diversidade genética. Entretanto, nesse trabalho publicado por Romiguier e colaboradores, fatores de história de vida de uma espécie apresentaram maior relevância. Além disso, um padrão observado foi o de que estrategistas k apresentam menores valores de polimorfismos do que os estrategistas r. Esse padrão pode influenciar em fatores ecológicos. Entretanto, a diferença na estratégia de reprodução não explica toda a diversidade genética entre as espécies. Para se atingir um grau mais alto de elucidação dessa questão, novos estudos ainda precisam ser realizados.
Comentário por Rosa
"A diferença nos níveis de polimorfismos em espécies distintas ainda não é totalmente esclarecida."
—> Você pretende esclarecê-la? Se não, eu indicaria limitar mais a oração-título.
Além disso, de que tipo de polimorfismo você fala? Entendo que seja genético por conhecer o trabalho de Romiguier, mas seu texto não dá pistas disso.
"Recentemente, Romiguier e e colaboradores (referência) publicaram um estudo que apresenta uma explicação para essa questão. Tradicionalmente, acreditava-se fatores de contingência histórica teriam a maior influência na diversidade genética."
—> Particularmente, eu prefiro apresentar o argumento a ser refutado antes do argumento de refutação. Essa ordem pode ser invertida, desde que o tema a ser refutado esteja claro a priori. O que não é o caso aqui, uma vez que a própria questão não estava explícita.
"Entretanto, nesse trabalho publicado por Romiguier e colaboradores, (sugestão: trocar um texto repetido por um verbo de ação direta > argumenta) fatores de história de vida de uma espécie apresentaram maior relevância."
"Além disso, um (O) padrão observado (pelos autores) foi o de que estrategistas k apresentam menores valores de polimorfismos do que os estrategistas r."
"Entretanto, a diferença na estratégia de reprodução não explica toda a diversidade genética entre as espécies."
—> só agora ficou clara qual é o tema (diversidade genética).
Ensaio 02
Data: 16/03/2018
Temas possíveis:
O sequenciamento massivo de material genético revolucionou a classificação dos microorganismos eucariotos. Na era pré-molecular sistematas usavam principalmente caracteres morfológicos visíveis à microscopia óptica para realizar classificações. Com a popularização do acesso a sequenciamentos, o uso de marcadores moleculares se tornou dominante na construção de filogenias. O uso de marcadores moleculares permite a comparação de seres vivos que não possuem caracteres morfológicos em comum. Portanto, a sistemática molecular expandiu o número de espécies que podem ser comparadas entre sim. Além disso, a análise de sequências alterou classificações pré-existentes, tornando as relações de parentesco mais fieis a um passado evolutivo. Portanto, a realização massiva de sequenciamento genético ampliou as possibilidades de aplicação da Sistemática aos seres vivos.
Comentário Rafael Viana:
Os blocos de construção estão bem definidos e o raciocínio é claro, com todas as frases sendo bem objetivas. O maior problema é a afirmação finalista logo na oração-título. Minha sugestão é em vez de usar "[…] revolucionou a classificação dos microorganismos eucariotos." por "[…] pode ter revolucionado a classificação dos microorganismos eucariotos."
Há duas também orações seguidas com o mesmo sujeito (uso de marcadores moleculares). O começo da segunda frase poderia ser "Além disso…"
Parece que há 2 conclusões no parágrafo, nas frases que começam com o "portanto". Elas poderiam ser unidas no final, pois separadas dão a noção de que o assunto mudou.
Ensaio 03
Data: 23/03/2018
A delimitação imperativa do objeto de estudo do cientista cria vieses inevitáveis. O primeiro passo de um cientista é o ato de observar um objeto. A observação é seguida pela experimentação, que tem por finalidade obter informações acerca do objeto. Após repetições desses passos, as descrições dos objetos e das relações entre eles se tornam cada vez mais precisas. Esse método é eficiente para entendermos o mundo natural. O progresso da ciência e de suas aplicações são evidências disso. Entretanto, há de se lembrar que nossos modelos do mundo natural não são o mundo natural. Ao concentrarmos nossa atenção em um universo de estudo, descartamos muitos eventos que acontecem fora dele. A partir de então, nossas observações se tornam limitadas. Consequentemente, as conclusões se tornam enviesadas para o que acontece dentro do universo de estudo. Explicações para eventos que acontecem nesse universo podem estar fora dele. O mundo natural não é necessariamente separado conforme os universos de estudo escolhidos pelo cientista.
Comentário por Isabella Gaião:
O parágrafo possui uma frase título clara e bem estabelecida no contexto. Achei um pouco confuso quando você afirma que " o método é eficiente para entendermos o mundo natural" e um pouco mais abaixo diz que o que é observado não é realmente o mundo natural, introduzindo um novo termo "modelo" que não é muito bem explicado posteriormente. Primeiro é afirmado que o método permite entender o mundo natural, depois é colocado que os dados obtidos são modelos de um possível mundo natural. Por fim, senti a falta de uma frase conclusiva, de forma que abrangesse o parágrafo.
O parágrafo está muito bem estruturado com frases curtas e claras e traz, em geral, uma linha de raciocínio coesa.
Ensaio 04
Data: 20/04/2018
Público alvo: graduandos em Ciências Biológicas
Em 1967 Lynn Margulis publicou uma teoria acerca da origem do processo de mitose (1). Nesse trabalho, Margulis argumentou que a mitocôndria, o cloroplasto e o flagelo teriam sido originados por endossimbioses realizadas com organismos procariontes. Na época em que Margulis propôs essa teoria, não haviam evidências que pudessem comprová-la. Fatos como a existência do DNA mitocondrial e plastidial, que hoje são uma das evidências da endossimbiose, ainda não eram conhecidos. Entretanto, Margulis incluiu em seu trabalho previsões acerca do que deveria ser encontrado se sua teoria estivesse correta. Entre essas previsões encontramos a existência de DNA nas organelas originadas por endossimbiose. Além disso, ela também incluiu a transferência de DNA das organelas para o núcleo em suas previsões. Resumindo,
Referências:
[1] On the origin of mitosing cells. Sagan L. J Theor Biol. 1967.
Comentário por Felipe Simões
O ensaio está coeso e bem escrito. As ideias são apresentadas em uma sequência que favorece a compreensão. Porém, assumindo que após o "Resumindo, " não serão acrescentadas informações novas, faltou adiantar ao leitor quais das teorias de Margulis foram validadas. Deixar essa informação para o fina dificulta para que o leitor compreenda onde o texto quer chegar. Como o público é acadêmico, abrir mão da surpresa para favorecer a compreensão pode ser adequado.
Ensaio 05
Data: 27/04/2018
- Multidisciplinaridade na Ciência.
A comunicação entre diferentes áreas da ciência promove o avanço do conhecimento científico.
A divisão da ciência em diferentes campos nos permite aumentar a resolução do conhecimento científico. Entretanto, a interdisciplinaridade é essencial para a integração desse conhecimento. Afinal de contas, o mundo natural não é dividido em caixas com objetos que podem ser estudados estritamente por uma disciplina. A reconstrução da história evolutiva dos seres vivos é beneficiada por múltiplas áreas e subáreas da ciência. Com a cladística, as relações entre as linhagens de seres vivos são reconstruídas. Sua localização temporal pode ser estimada a partir da datação de fósseis.
terminar com algo como:
(…)Nesse exemplo a Geologia e Biologia juntamente contam uma história mais precisa do mundo do que essas duas ciências sozinhas.
Comentário por Beatriz
Gostei bastante da ideia, do raciocínio. Eu falaria um pouco mais sobre como integrar as disciplinas e como "fazer fluir" um trabalho multidisciplinar. Talvez descrever um pouco sobre os problemas que podemos enfrentar quando tentamos realizar um projeto que pega várias áreas do conhecimento. E como não foi possível completar o parágrafo, faltou finalizar as ideias que foram iniciadas.
Ensaio 06
Data: 04/05/18
Público alvo: graduandos em Ciências Biológicas
O enraizamento da árvore filogenética dos eucariontes é um desafio para os cientistas que estudam evolução de eucariontes. Existem desafios metodológicos que tornam difícil a resolução da raíz da árvore filogenética dos eucariontes. Uma das dificuldades encontra-se no método de enraizamento de árvores filogenéticas mais usado atualmente [1]. Para enraizar uma árvore, é necessário assumir que ao menos um grupo diverge do grupo que se quer enraizar. A partir dessa divergência, é possível definir os eventos evolutivos que ocorrem posteriormente [2]. O grupo externo de Eukarya encontra-se em Archaea. O último ancestral comum entre esses grupos encontra-se há pelo menos 2 bilhões de anos [3]. Devido a essa distância, e consequentemente alta divergência genética entre os grupos, o método de enraizamento por grupo externo perde sua acuracidade [4]. Outro fator que dificulta o enraizamento da árvore dos eucariontes é a baixa amostragem de organismos de Archaea. Novas espécies de arqueias encontradas sugerem que Eukarya é, não grupo-irmão de Archaea, mas uma de suas linhagens [5], figura 1.

Figura 1: árvore [terminar a legenda depois]. Retirado de Zaremba-Niedzwiedzka, Caceres, et al., 2017.
Referências:
[1] Wheeler, W.C., 1990. Nucleic acid sequence phylogeny and random outgroups. Cladistics 6 (4), 363–367.
[2] Kinene, T., Wainaina, J., Maina, S., and Boykin, L. M. (2016). “Rooting Trees, Method for,” in Encyclopedia of Evolutionary Biology, ed. R. M. Kliman (Oxford: Academic Press), 489–493. doi: 10.1016/B978-0-12-800049-6.00215-8
[3] Encontrar referência.
[4] Burki, F., 2014. The Eukaryotic Tree of Life from a Global Phylogenomic Perspective.
[5] Zaremba-Niedzwiedzka, Caceres, et al., 2017. Asgard archaea illuminate the origin of eukaryotic cellular complexity. doi:10.1038/nature21031
Comentário por Mirian
Senti que as duas primeiras frases passam a mesma ideia, escrita de maneira diferente, o que faz com que o leitor sinta que não saiu do lugar. Senti também que faltou uma conectividade com a parte inicial que explica o desafio metodológico e a parte que explica as relações filogenéticas entre Archea e Eukarya em si. Acho que uma das coisas que melhorariam essa conectividade seria explicitar que "um grupo diverge do grupo que se quer enraizar" é igual a "grupo externo". Outra coisa que acho que poderia ajudar também seria explorar melhor a imagem colocada. Além disso, faltou uma conclusão que retome a ideia inicial, mas tenho a impressão que isso se deve a uma não-finalização do texto. Fora isso, méritos por ser um dos poucos textos que cumpriu as exigências de inclusão de referências e imagem que o professor pediu. As frases estão bem construídas e claras, seguindo uma boa linha de raciocínio dentro dos dois blocos não tão conectados do texto.
Ensaio 06
Temas possíveis:
- Eucariontes poderiam ser definidos pela ocorrência de mitose e permutação.
- Diversos tipos de mitose, enquanto a meiose não mostra variação.
- Genes que coordenam processos durante a mitose estão presentes em arqueias.
- Uso dos genes da mitose para entender a evolução dos organismos.
- Tamanho efetivo e meiose, recombinação, conservação, extinção, etc.
"Ensaio" 07
Definimos fotossíntese como um processo pelo qual alguns organismos transformam energia luminosa em energia química, a partir da utilização de pigmentos. Os organismos que realizam esse processo são plantas, algas, algumas bactérias e alguns protistas.
Bactéria verde sulfurosa (Chlorobium tepidum)
- Quem são?
Os membros do filo Chlorobia realizam fotossíntese anaeróbia por meio do ciclo de Krebs.
Utilizam o fotossistema 1
Comparações genômicas identificaram genes em C. tepidum que são altamente conservados dentre espécies fotossintéticas.
Análises filogenéticas revelaram prováveis duplicações de genes envolvidos nas vias biosintéticas da fotossíntese e no metabolismo de enxofre e nitrogênio.
Assim como fortes similaridades entre processos metabólicos em C. tepidum em muitas espécies ancestrais de Archaea.
Sintetizam carotenoides e bacterioclorofila c, a, e, d
Origem: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1046/j.1365-2958.1999.01417.x
Autoavaliação
Data: 08/06/2018
Nota: 0.9
Eu deveria ter reescrito os textos semanais incorporando algumas/a maioria das sugestões dos colegas. Isso teria intensificado meu aprendimento de escrita.