Pedro Mariano

Ensaio Opcional - 02/03

A hipótese dos 5 Reinos foi proposta por Whittaker em 1969 e é uma das, senão a mais, difundida fora da academia. Nela, as diversas espécies de seres vivos são organizadas de um modo que insinua a existência de uma "escala evolutiva". Uma rápida observação da árvore esquematizada no artigo já permite tal conclusão, afinal ele mostra o Reino Monera (formado pelas bactérias e arqueias) embaixo de todos os outros, que "subiram a escada da evolução", passando pelos Protistas (eucariontes unicelulares), até atingirem o ápice da complexidade. Os representantes desse ápice são as linhagens dos Animais, as Plantas e os Fungos, organismos eucariontes e multicelulares, especializados (também segundo o mesmo artigo), respectivamente, na ingestão, na fotossíntese e na absorção para obterem nutrientes essenciais. Outros estudos trouxeram inúmeras evidências de que a árvore de Whittaker é inconsistente por, por exemplo, ignorar a existência de diversos grupos sabidamente monofiléticos. Porém, como o ensino de evolução para o público leigo não é sempre bem feito, a ideia da "escala evolutiva" ainda está amplamente enraizada fora da academia, o que explica o fato da hipótese de Whittaker ainda ser tão difundida.

Comentário de Arthur Cavalcante
O ensaio está bem claro em seu objetivo de explicitar a forma que Whittaker organizou os seres vivos e alguns dos critérios utilizados. Como sugestão, referenciar o artigo no início de forma a não ter que voltar a citar ele no decorrer do texto.

Ensaio 1 - 09/03

A análise de uma quantidade extensiva de dados é algo trabalhoso, porém comum na biologia. A construção de árvores filogenéticas é um bom exemplo disso. Para um caso de três terminais, há três árvores enraizadas possíveis. Por enquanto, pode parecer pouco, mas os números crescem de modo incrível. Com sete terminais, já há mais de 10000 possibilidades, e, com 10, ultrapassamos os 34 milhões (Lahr, 2018). Porém, estudos filogenéticos podem envolver o uso de dezenas ou centenas de terminais. Nesse ponto, o número de possíveis árvores é tal que nem um computador pode analisá-las exaustivamente para selecionar a melhor opção. Isso demanda o uso de métodos de busca heurística. Ou seja, ao invés de analisar as possibilidades uma a uma pode-se criar modos de facilitar a seleção. Pode-se por exemplo, selecionar somente as árvores que recuperem um grupo sabidamente monofilético. Assim, uma parte das árvores é amostrada de acordo com um ou mais critérios de otimização. Dessa forma, é possível reduzir o trabalho demandado para a análise de tantos dados.

Referências:
Lahr, D. 2018. Aula 2: Reconstrução Histórica. PTEE. Disponível em <http://ptee.wdfiles.com/local--files/recursos/Aula02>.

Comentário de Arthur Augusto Afonso
O texto ficou bem direto e preciso, direcionando sentenças objetivas e claras. Não ha muito o que se corrigir considerando minhas capacidades avaliativas de acordo com os critérios que me colocaram. Ao fazer afirmações sem explica-las a fundo, foi usada a ferramenta de citação, o que está de acordo com a sugestão do professor. Ao fim do texto o tipo de critério não é especificado, que para um leitor crítico pode indicar inespecificidade.

Ensaio 2 - 16/03

A convergência morfológica é muito comum na evolução da vida. Tal fenômeno é definido pelo surgimento de estruturas similares de modo independente em diferentes linhagens biológicas. Há relatos de eventos do gênero em fungos¹, crustáceos², angiospermas³. Porém há um caso ainda mais interessante: o das células ameboides. Enquanto os primeiros exemplos referem-se a grupos relativamente pequeno, esse caso envolve grandes e antigos grupos de eucariontes. Esse tipo celular aparece em representantes de, pelo menos, Amoebozoa, Rhizaria e Excavates(4). Isso mostra o que padrões se repetem na evolução mais do que geralmente supomos.

Referências:
(1)Berbee, M.L. & Taylor, J.W. 1992. Detecting morphological convergence in true fungi, using 18S rRNA gene sequence data. Biosystems, 28: 117-125.
(2)Daniels, S.R. et al. 2006. Evolution of Afrotropical freshwater crab lineages obscured by morphological convergence. Molecular Phylogenetics and Evolution, 40: 227-235.
(3)Yoon, H-S. & Baum, D.A. 2004. Transgenic study of parallelism in plant morphological evolution. PNAS, 101: 6524-6529.
(4)Tekle, Y.I.; Parfrey, L.W. & Katz, L.A. 2009. Molecular Data are Transforming Hypotheses on the Origin and
Diversification of Eukaryotes. Bioscience, 59: 471–481.

Comentário de Priscila
A oração título faz uma boa introdução do tema e o texto está escrito de forma clara. Muito legal ter usado referências para dar embasamento aos exemplos citados. Talvez fosse interessante explicar melhor o que são células ameboides, para que um leitor sem muitos conhecimentos biólogicos não se perdesse na leitura.

Ensaio 3 - 23/03

-Ausente

Ensaio 4 - 20/04

A literatura biológica moderna é caracterizada por um tipo de publicação. O principal modelo vigente é baseado na experimentação para testes de hipóteses. Padrões são observados, hipóteses são apresentadas, experimentos são descritos e resultados são interpretados. Claramente, esta estrutura de texto não é recente. Artigos com descrição e discussão de experimentos estão presentes há tempos na literatura. Temos como exemplo os textos de Francesco Redi publicados em 1668 sobre seus testes que puseram a abiogênese à prova (1) (apud (2)). Porém, até recentemente, esse não era praticamente o único modelo. Há alguns anos, havia mais artigos escritos seguindo diferentes estruturas. Por exemplo, o artigo em que Lynn Margulis introduziu as ideias sobre endossimbiose (3) não segue a estrutura típica. Nele, ela apresenta padrões, hipóteses e predições, mas sem realizar nenhum teste. Margulis chega a sugerir experimentos que podem ser feitos, mas com o foco de que seus pares os façam. No entanto, esse tipo de texto foi tornando-se cada vez mais incomum. Assim, o modelo com de testes e interpretação de dados passou a corresponder a uma porcentagem cada vez maior das publicações modernas.

Referências:
(1) Redi, F. Esperienze intorno alla generazione degl'insetti. 1668. Tradução por Mab Bigelow: Experiments on the Generation of Insects (1909).
(2) Science Books. 1910. Experiments on the Generation of Insects. Science Book Reviews, 32: 802-803.
(3) Sagan, L. 1966. On the Origin of Mitosing Cells. Journal of Theoretical Biology, 14: 225-274.

Comentário de Caio Felipe
Achei a escrita bem clara e objetiva, a informação é passada de maneira fluida e acredito que o tema escolhido tenha sido bem trabalhado em um único parágrafo, embora, caso você quisesse, poderia puxar outras questões que deixariam o tema grande demais para um único parágrafo, como “Por que o modelo de testes está sendo mais bem aceito?”, “Qual o problema de publicar artigos como o da Lynn Margulis?” e “O quão relevante sería esse problema para a produção científica?”

Ensaio 5 - 27/04

Os Eucariotos têm seu passado recente bem documentado, porém, fósseis indicam sua história remonta de um momento muito anterior. Há registros de células eucarióticas datados em cerca de 1,5 bilhão de anos (Knoll, 2014). Eles são essencialmente representados por restos de carapaças (Javaux, Knoll & Walter, 2004). Elas poderiam ter sido feitas por bactérias ou arqueias, mas é possível confirmar sua origem eucariótica. Essas estruturas são grandes e apresentam processos que só poderiam ser formados por células citoesqueleto (Javaux, Knoll & Walter, 2004). Logo, como o citoesqueleto é característico do domínio Eukarya, a origem desses fósseis é indubitável. Assim, mais informação foram agregadas à história dos eucariotos, permitindo entender melhor o seu passado profundo.

Referências:
Javaux, E.J.; Knoll, A.H. & Walter, M.R. 2004. TEM evidence for eukaryotic diversity in mid-Proterozoic oceans. Geobiology, 2: 121-132.
Knoll, A.H. 2014. Paleobiological perspectives on early eukaryotic evolution. Cold Spring Harbor Perspectives in Biology, 6: a016121

Ensaio 7 - 11/05

A mitose é um importante processo celular que surgiu e se diversificou na linhagem de Eukarya. As células de Bacteria e Archaea também se dividem, porém em um processo distinto (Sagan, 1966). Na mitose, ocorrem processos básicos: a duplicação do material genético; sua separação com os fusos mitóticos; e a divisão celular. Nas escolas e na maior parte dos cursos de ciências biológicas esse fenômeno é ensinado de maneira única. Contudo, a mitose "clássica", como descrita nas salas de aula, é a típica dos animais. Ela não é representativa da diversidade observada entre os Eucarya (Lahr, 2018). Os processos básicos ocorrem de maneiras variadas nos diferentes grupos, mas gerando o mesmo resultado. A diversidade impressiona e há hipóteses de como as variações evoluíram (Fig.1). Porém há poucos estudos recentes abordando o assunto, o que pode causar estranhamento dada a importância desse processo biológico.

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Figura 1: Diversidade e hipótese de evolução das variações no fenômeno da mitose. Retirado de Lahr, 2018.

Referências:
-Lahr, D. 2018. Aula 8: Mitose e Meiose. PTEE. Disponível em <http://ptee.wdfiles.com/local--files/recursos/Aula08>. Acesso em: 11 mai. 2018.
-Sagan, L. 1966. On the Origin of Mitosing Cells. Journal of Theoretical Biology, 14: 225-274.

Comentário de Arthur Cavalcante
O tema está bem trabalhado, iniciando com uma abordagem geral do processo e depois entrando na questão da diferença entre os grupos. A utilização das referências e da figura complementam muito bem o texto. O espaço de um parágrafo é pequeno, mas como sugestões, talvez seria legal citar alguma forma diferente da convencionalmente ensinada. Citar algum "resultado" do processo, ou seja, qual a consequência de se ter um processo de divisão celular como esse pode tornar o assunto mais compreensível.

Ensaio 8 - 18/05

Nós, Caio Felipe, Pedro Mariano e Thiago Giove, utilizamos a seguinte definição para fotossíntese, definida por Gest (2002):

A fotossíntese é uma série de processos no qual energia eletromagnética é convertida em energia química para a biossíntese de materiais celulares orgânicos; um organismo fotossintetizante é aquele cuja maior parte da energia adquirida para sínteses celulares é suprida por luz.

Utilizamos tal definição pois é àquela que julgamos ser a mais ampla, pois permite incluir uma grande gama de organismos e não somente plantas, algas e cianobactérias, como era feito antigamente. Como não é comentado na definição de Gest a produção de oxigênio molecular podemos incluir grupos como as bactérias púrpuras. E por não definir dióxido de carbono como fonte de C, permite a inclusão de bactérias que são capazes de utilizar acetato para sua biossíntese. Outro ponto importante é que, como tal definição não pressupõem a produção de poder redutor, ela permite considerar os processos cíclicos como fotossíntese cíclica. Por fim, há o fato de que a energia para fotossíntese não é necessariamente solar, e sim radiação eletromagnética, uma vez que as plantas podem realizar fotossíntese utilizando radiação eletromagnética de outras fontes, como lâmpadas, por exemplo.

Referências:
-Gest, H. 2002. History of the word photosynthesis and evolution of its definition. Photosynthesis Research, 73: 7-10.

Ensaio 9 - 25/05

Os ciliados (Ciliophora: Alveolata) são organismos eucariontes um tanto curiosos. Isso se deve, principalmente, a duas de suas características fortemente associadas: (i) sua organização genômica e (ii) sua forma de realizar sexo. Os representantes desse grupo possuem dois tipos de núcleo (Fig. 1). Um deles, o macronúcleo tem função exclusivamente vegetativa. Nele, há inúmeras réplicas de diversos genes e ali ocorre a transcrição (Riley & Katz, 2001). Esses genes copiados a partir das sequências do genoma do outro núcleo: o micronúcleo. Este tem função reprodutiva e sofre mitose e meiose. Porém mais interessante que a organização nuclear em si, são os processos nucleares associados à conjugação. Esse processo é consiste na troca de material genético entre duas células, constituindo uma forma de sexo. Nesse contexto, o macronúcleo é degenerado e o micronúcleo sofre meiose, gerando quatro núcleos, dos quais dois são descartados. Dos restantes, um é transferido para outra célula, enquanto o outro é mantido e fundido com outro que é recebido do outro indivíduo. Como resultado, têm-se duas células com novos genomas micronucleares. Em cada indivíduo, os genes são copiados e produz-se um novo macronúcleo (Riley & Katz, 2001). Essas, e outras características singulares, fazem desse grupo um interessante objeto de estudo em termos de genética molecular e evolução.

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Figura 1: Esquema geral de um organismo do gênero Paramecium. Retirado de Wikipedia.

Referências:
- Riley, J.L. & Katz, L.A. 2001. Widespread distribution of extensive chromosomal fragmentation in ciliates. Molecular Biology and Evolution, 18(7):1372-1377.
-Wikipedia. Paramecium. Disponível em:<https://en.wikipedia.org/wiki/Paramecium>. Acesso em: 25 mai. 2018.

Auto-avaliação - 08/06

Considerei como critérios (1) a leitura dos artigos prévios; (2) a dedicação aos ensaios; (3)a percepção de melhora na escrita ; e (4) a participação nas discussões. Penso que fiz o máximo dentro do possível. Todas as semanas li os textos, por pensar que auxiliam nas aulas e porque tenho interesse pelos temas em si. O mesmo vale para a dedicação aos ensaios. Acho que minha dedicação foi condizente com a vontade e a necessidade de melhorar a escrita, aliado à oportunidade de me aprofundar um pouco mais em parte do tema. Consequentemente, pude perceber grande melhora na minha escrita. Tanto em termos de construção e articulação de frases, quanto em termos do tempo necessário para conseguir fazê-lo. Porém, não posso dizer o mesmo das discussões. Não tenho muita inibição para discutir, então tomei o papel de ouvinte durante quase todo o curso. O modelo usado na aula de Fotossíntese me ajudou um pouco nesse quesito e consegui conversar melhor sobre o tema.
Tendo isso como base, acho justo me avaliar com nota de 0,8.

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