Rafael Viana
Ensaio Opcional 02/03
É comum enxergar a ciência como uma área de racionalização capaz de produzir explicações puramente objetivas. Entretanto, esta visão não corresponde à realidade científica, onde a experiência pessoal do cientista influencia muito no resultado final. Pode parecer que tal subjetividade diminua a importância do trabalho científico, pois deixa implícito que as explicações formuladas são apenas modos diferentes de ver o mundo, e, portanto, não representam a realidade. Ora, pelo meu ponto de vista, a ciência não procura a verdade absoluta sobre o mundo, e sim explicações racionais sobre seus fenômenos; desse modo, tratar a subjetividade como danosa não faz sentido, porque ela é necessária para definir quais critérios serão utilizados na linha de raciocínio de uma explicação, além de abrir a discussão se esses critérios são ou não pertinentes para o estudo.
Comentário de Caio Felipe:
A estrutura do texto está muito boa, com períodos bem delimitados e que transmitem a ideia com sucesso. Eu só não entendi muito bem o final, não entendi a conexão entre a ciência explicar racionalmente os fenômenos e tratar a subjetividade como danosa.
Ensaio 1 09/03
A máxima verossimilhança, comparada com parcimônia, reduz a arbitrariedade no modo de se pensar a evolução. A parcimônia oferece apenas um modelo para a biologia evolutiva, o de que a natureza funciona da maneira mais simples possível. Já a máxima verossimilhança abarca vários modelos possíveis. Assim, há a possibilidade de verificar em qual modelo uma análise melhor se encaixa. Bem, a verdade sobre a história evolutiva dos seres vivos é praticamente inatingível, pois contamos apenas com um registro fóssil incompleto como marca definitiva do passado. Logo, usar um princípio que abarca mais possibilidades de explicação para a história evolutiva de diferentes grupos parece ser mais adequado do que usar um que contempla apenas uma possibilidade.
Comentário do Plinio:
Transmitiu muito bem a ideia que pensou. Desenvolveu ela sucintamente e soube criar uma linha de raciocínio para justificar esta ideia. Faria algumas mudanças de construção de frase, mas nada muito estrutural. Apenas ficou confuso que análise os modelos irão tratar, e talvez mudar faltou mencionar um pouco sobre os vários modelos possíveis de máxima verossimilhança.
Ensaio 2 16/03
O uso preferencial de dados morfológicos ou moleculares numa análise filogenética depende do grupo estudado. Dados morfológicos funcionam melhor em grupos com mais especialização celular e corporal, como animais. Isso permite a delimitação mais fácil de caracteres. Ainda, reduz a abstração de como a evolução atua ao nível molecular. Já em grupos microscópicos, como a maioria dos grupos de seres vivos, a falta de especialização celular torna difícil o reconhecimento estrutural ou mesmo ultra-estrutural. Tal situação pode gerar agrupamentos originados de convergências ou com baixa resolução. Nesse caso, dados moleculares são a melhor opção.
Comentários de Maiumy Honda:
- A frase título está adequada, sintetizando o que foi abordado no parágrafo.
- A segunda frase poderia ser sobre as diferenças entre os micro e macroorganismos.
- Podemos dizer que microorganismos têm menos especializações corporais (morfológicas)?
- Destacar que uma grande diversidade biológica não pode ser classificada fazendo uso de caracteres morfológicos.
- Retomar a frase título ao final. Uma sugestão seria algo do tipo: "Caracteres morfológicos ou moleculares são ambos úteis em classificação. A escolha cabe ao cientista, que irá observar seu organismo de estudo, sua pergunta e decidir a melhor abordagem."
Comentário de Thiago Giove:
Testo claro, bem pontuado e de facil compreensão.Acho que o uso de dados moleculares seja muito útil em ambos os casos, já que a analise molecular permite usar um numero de caracteres muito maior que dados anatômicos, o que gera uma análise menos arbritrária ao meu ver.
Ensaio 3 21/03
Ensaio 4 20/04
O método filogenético não permite a reconstrução de um primeiro ancestral comum hipotético. O uso de cenários evolutivos pode ser um meio de se fazer essa reconstrução. O método filogenético define grupos com base na ancestralidade. Desse modo, na construção de uma árvore filogenética, somente o último ancestral entre os membros daquele grupo é passível de ser hipotetizado. Entretanto, a evolução do primeiro ao último ancestral comum do grupo não consegue ser explicada. Já a criação de um cenário evolutivo não precisa necessariamente de uma reconstrução filogenética. Assim, podemos criar hipóteses das etapas evolutivas entre o primeiro ancestral comum e as espécies atuais.
Comentário de Stephanie:
As frases estão bem construídas, claras e simples. A última frase ficou um pouco desconectada e deixa em aberto alguns conceitos. O que seriam "etapas evolutivas"?
Parece que você quis fazer uma comparação entre o método de reconstrução filogenético e as hipóteses de cenários evolutivos. Acho que essa comparação poderia ser um pouco mais marcada para facilitar a concentração.
Ensaio 5 27/04
O aparecimento maciço no registro fóssil de representantes de todos os filos animais define o início da Era Cambriana. Alguns autores se referem erroneamente a esse evento como "Explosão Cambriana da vida". Erroneamente porque, além de deconsiderar organismos como bactérias, arqueas e eucariontes referidos como "protistas", o evento não nega a ocorrência dos grupos em épocas anteriores. Na verdade, a presença de todos os filos nos estratos cambrianos indica exatamente o contrário. O registro de grupos mais derivados no Cambriano sugere uma diversificação anterior dos animais. Ademais, o fato do número de fósseis aumentar consideravelmente pode se explicar pelo aparecimento de partes duras. Assim, a origem propriamente dita dos animais, e por conseguinte da vida, não ocorreu no Cambriano, e sim antes. Tampouco há indicios de que a vida se originou com uma "explosão".
Comentário de William:
Texto muito bem escrito. As frases são claras, os períodos são curtos e objetivos. Os conceitos são suficientemente explicados. A leitura é fluída, os períodos estão bem conectados. Para incrementar o parágrafo, incluiria fatores geológicos que levaram a raridade de fósseis de períodos interiores ao Cambriano. No geral, ótimo trabalho!
Ensaio 6 04/05
O paradigma regente da classificação dos seres vivos se baseia na divisão dos domínios de Bacteria, Archaea e Eukarya¹. Entretanto, estudos recentes demonstram a origem dos eucariontes dentro de Archaea². Deste modo, Archaea seria um grupo parafilético. Assim, teríamos apenas dois grandes grupos monofiléticos na árvore da vida. Tal alteração na relação filogenética entre os grandes grupos de seres vivos provoca muda a visão da diversificação dos seres vivos. Por exemplo, a tricotomia entre os três domínios estaria resolvida.
Comentário de Caio Rosa:
O texto está bem escrito. Apresenta as informações de forma direta e fluída, e não gera problemas para o entendimento do leitor. Não existe inconsistências nas informações apresentadas, sendo que todas elas tem embasamento científico. Para tornar o texto mais acessível seria bom adicionar algumas definições e imagens, assim mesmo pessoas que não convivem com a biologia conseguiriam entender.
1. WOESE, Carl R.; KANDLER, Otto; WHEELIS, Mark L. Towards a natural system of organisms: proposal for the domains Archaea, Bacteria, and Eucarya. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 87, n. 12, p. 4576-4579, 1990.
2. WILLIAMS, Tom A. et al. An archaeal origin of eukaryotes supports only two primary domains of life. Nature, v. 504, n. 7479, p. 231, 2013.
Ensaio 7 11/05
A meiose ocorre de maneira semelhante em todos os eucariontes. Os genes envolvidos no processo meiótico costumam ser preservados em todas as espécies(referência). Tal preservação provavelmente se deve a importância do crossing-over na remoção de mutações fracamente deletérias. Essas mutações podem se acumular num cromossomo e assim diminuir a aptidão do indivíduo, processo referido como "Catraca de Müller"(Fig 1). Com a meiose e a probabilidade de ocorrência de crossing-over, indivíduos com cromossomos homólogos com menos mutações facilmente deletérias herdados dos parentais tem melhor aptidão (Fig2). Assim, faz sentido pensarmos na meiose como um processo importante para os eucariontes, não passível de variações.
Auto-avaliação 08/06
Minha nota: 0,5
Aprendi a escrever de form clara e objetiva. Comecei a ler textos e artigos de forma crítica, assim como a enxergar conceitos aparentemente estabelecidos com desconfiança. Entretanto, mais no final da disciplina, não me esforcei tanto quanto no começo. Deixei de tentar buscar referências e fazer ilustrações quando recomendado. Não tentei melhorar os textos mais no final e parei de ler a literatura recomendada. Por isso, senti que não aproveitei tudo que poderia ter aproveitado.